Dentre os vários brasões da família Bellei, reproduzimos abaixo aquele proveniente do Istituto Genealogico Italiano.
Francesco Bellei (37 anos) com sua esposa, Zaira Maini (33 anos) e os filhos, Dante (10 anos), Armando (7 anos), Barbara (5 anos), Luigi (3 anos) e Antonio (1 ano), embarcaram no Porto de Gênova (Itália), procedentes da localidade de Massa Finalese, cidade de Finale Emilia, província de Modena, na região de Emilia Romagna (norte da Itália) e desembarcaram no Brasil a bordo do vapor Rosário, seguindo de trem até a cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, onde deram entrada na Hospedaria Horta Barboza, em 03 de janeiro de 1896 e tinham como destino final a Fazenda Boa Vista, pertencente ao Sr. Eugenio Teixeira Leite, no distrito de Sarandy (atual Sarandira). Anos mais tarde, foram trabalhar na Fazenda Boa Sorte, em São Pedro do Pequery (atual Pequeri). Daí foram para a Fazenda Saracura, em Bicas, último local onde estiveram juntos. Já no Brasil, tiveram mais quatro filhos: Ettore, José, Hermínia e Carolina.
(Dados constantes do livro SA-884 folha 55 do Arquivo Público Mineiro – MG)
São pais de Francesco Bellei, Luigi Bellei e Teresa Borsari, já falecidos na Itália, nesta época. São pais de Zaira Maini, Joanne Maini e Barbara Panza, também já falecidos na Itália, nesta época, como atesta Francesco Bellei, carinhosamente chamado Vô Chico.
A história e a memória de Minas Gerais estão fortemente vinculadas à participação dos imigrantes italianos na construção do estado e à influência da presença italiana na formação da identidade mineira. A “italianidade” permeia o cotidiano dos mineiros, seja pelos ecos do passado, que em decorrência da intensificação, em época mais recente, das relações diplomáticas, comerciais e de cooperação bilateral com a Itália. Minas Gerais é a terceira área do Brasil em ordem de importância no recebimento de imigrantes italianos. Há cerca de um século atrás Juiz de Fora recebeu um grande número de imigrantes italianos, parte de um universo de 52.582 que vieram atuar em zonas rurais e urbanas de Minas Gerais, principalmente entre os anos de 1894 a 1901. Mas os primeiros italianos chegaram nesta cidade a partir de 1860, através de uma imigração espontânea. Oriundos do sul da Itália, das regiões da Campania e Calabria vieram se dedicar ao comércio. A partir de 1888, com a chegada de várias famílias oriundas das regiões do norte da Itália, este contingente foi ampliado. Por fim, a 2ª Guerra Mundial marcou a vinda dos calabreses da cidade de Paola, que em Juiz de Fora a maioria se dedicou ao comércio de jornais e revistas.
Ao longo do estabelecimento de imigrantes em Juiz de Fora, foram fundadas algumas associações beneficentes, formadas por italianos e e/ou ítalo-brasileiros, tais como: Società Operaria Italiana di Mutuo Soccorso e di Mutua Istruzione, Società Operaria Italiana di Mutuo Soccorso e Beneficenza Umberto Primo, Fanfarra, Sociedade Beneficente Príncipe de Piemonte, Sociedade Ítalo-Brasileira Anita Garibaldi, Centro Cultural Ítalo-Brasileiro Dante Alighieri, Associação de Cultura Ítalo-Brasileira, Irmandade de São Roque, União Italiana Benso de Cavour, com sede na Liga Maçônica Brasileira e a Casa d’Italia.
Em Juiz de Fora, os únicos exemplares arquitetônicos da imigração italiana e seu movimento associativo, que ainda encontram-se preservados e tombados pelo patrimônio histórico são: a Igreja de São Roque – que em 2007 completou 100 anos – e a Casa d’ Itália que, inaugurada em 1939, era um importante centro de convivência ítalo-brasileira servindo à comunidade italiana em atividades como: instrução, escola, biblioteca, hospital, beneficência, lazer e esporte. O edifício, de autoria do arquiteto Raphael Arcuri, contou com a colaboração e empenho de grande parte da colônia – através de várias subscrições – e de vultosas doações de personalidades como Pantaleone Arcuri, e muitos comerciantes italianos. Em 1942, a Casa d’ Itália foi fechada devido ao projeto nacionalista do Estado Novo. Neste período, escolas, clubes, hospitais e associações foram fechados ou tiveram que modificar seus nomes e estatutos; e o uso da língua materna ou de dialetos foi proibido. Estas medidas empreendidas em todo o Brasil resultaram em uma crise cultural extremamente séria que contribuiu para abafar a memória de comunidades inteiras.
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A Hospedaria Horta Barbosa, localizada em Juiz de Fora, no bairro Tapera de Baixo (atual bairro Santa Terezinha), era uma das hospedarias que o governo do estado mantinha para acolher os imigrantes quando de sua chegada a Minas.
Inaugurada em 3 de outubro de 1888, com o objetivo de receber, dar agasalho e alimentação por até cinco dias aos imigrantes que haviam se transferido para Minas Gerais e que, do ponto de desembarque, não haviam sido dirigidos para outras hospedarias. Entre as várias atribuições dos funcionários da hospedaria, cabia-lhes escriturar e ter em dia o livro de matrícula dos imigrantes que ali chegavam: portugueses, espanhóis e uma grande maioria de italianos.
O abrigo recebeu mais de 70 mil italianos A hospedaria podia comportar 400 pessoas, mas chegou a abrigar duas mil, em péssimas condições de higiene, o que favorecia a proliferação de epidemias, vitimando grande número de imigrantes. Em 7 de novembro de 1891, alegando alimentação deficiente, revoltaram-se as 1.302 pessoas, na maioria italianos, que se encontravam ali internados. Foi desativada em 1º de abril de 1910, passando a funcionar no local, o 2º. Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais.
Localizada no distrito de Sarandy (atual Sarandira), foi a maior e mais importante produtora de café da época, possuindo um total de 934 hectares. Pertencia à família do Sr. Eugênio Teixeira Leite (1854 – 1938), advogado e ruralista de tradicional família fluminense, também dono da Fábrica de Manteiga Juiz de Fora. Sucedeu seu filho Eugênio Teixeira Leite Junior (1883 – 1973).
Fonte: “Aspectos da Vida Rural de Juiz de Fora” de José Procópio Filho
Fazenda Boa Sorte
Localizada no distrito de São Pedro do Pequery (atual Pequeri).
Fazenda Saracura
Localizada na cidade de Bicas.
O navio Rosario pesava 1.957 toneladas, e media 85,95 metros por 10,73 metros. Foi construído por Wigham Richardson & Co em Walker-onTyne, e em 17 de setembro de 1887 foi lançado ao mar por Fratelli Lavarello. Em 01 de dezembro do mesmo ano iniciou a rota Gênova-América do Sul.
Em 1891 passou à La Veloce Navigazione Italiana a Vapore e continuou na rota Gênova-América do Sul. Em 1898 foi vendido à empresa francesa Cie Mixte e teve seu nome trocado para Djurjura. Em 23 de dezembro de 1915 afundou depois de uma colisão com o Empress of Britain.
Fonte:
1)”South Atlantic Seaway”, de N.R.P. Bonsor, Brookside Publications, Jersey Channel Islands, 1983, pág.280
2) www.theshipslist.com
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